1 Entre
ciência e religião
1.1 Traçando
uma fronteira conceitual
A
ciência sempre procurou atestar empiricamente suas teorias, para tratá-las como
verdade, mesmo assim, a medida que investiga, muitas vezes encontra outras
verdades que são capazes de invalidar as antigas. O homem pauta o conhecimento
a partir do que é capaz de compreender intelectualmente, e muitas vezes ignora
ou descarta aquilo que foge ao seu entendimento.
Os conceitos de ciência e religião parece-nos
conhecimentos totalmente distintos, que um não deve envolver-se com o outro,
pois isso acabaria com suas essências e, consequentemente, com o que cada um é.
Em outras palavras ciência deixaria de ser ciência e
religião deixaria de ser religião.
Para entender melhor essa suposta contradição
entre ciência e religião é importante conhecer suas origens. O termo religião
era pouco utilizado antes do século XIX, seu sentido estava relacionado ao
termo religio que significava piedade
ou adoração e estava diretamente relacionado à tradição cristã. Após o século
XIX o termo foi ganhando novos significados e usos.
Ao redor do termo religião existem algumas
conceituações etimológicas como: religare
que significa religar o homem à Deus; relegere,
do latim, que se relaciona ao ato de releitura e interpretação dos textos
bíblicos sagrados; e, atualmente, com uma conotação mais universal, considera
um conjunto de crenças que associam o que é humano ao transcendente.
Já o termo ciência, como é conhecido
atualmente, surgiu no século XIX, popularizado por William Whewell ao se
referir aos praticantes de diversas áreas da filosofia natural.
Muitos filósofos da ciência buscaram delimitar limites entre ciência e
religião. Por exemplo: para Karl Popper a ciência, diferente da religião,
possui hipóteses falsificáveis e Charles Alan Taylor defende que os limites
entre ciência e religião variam de acordo com o contexto histórico que os
cercam.
Normalmente distingue-se ciência de religião
atribuindo àquela o conhecimento do que está ligado ao mundo natural e a esta
ao mundo sobrenatural. Essa restrição da ciência ao mundo natural é chamada de naturalismo metodológico, que têm como objeto de estudo entidades naturais e
não sobrenaturais, apesar de não desconsiderá-las. Os conceitos de ciência e
religião não se resumem a uma definição única e imutável, pois suas vertentes
irão variar de acordo com a delimitação do que se quer conhecer e por quais
meios.
1.2
Uma complexa relação
Desde a antiguidade clássica
filósofos, teólogos e cientistas estudam a relação que há entre ciência e
religião. A ciência é conhecida pela sua eficácia, razão, experiência e
evidência, já a religião é conhecida por seu caráter de revelação, fé e
sacralidade. Elas são passivas de
mudanças de acordo com o contexto histórico. A religião é responsável por
diversas inovações cientificas e técnicas anteriores a Revolução Cientifica.
Os séculos VIII e XIII é
marcado pelo período denominado como Renascimento ou Idade de Ouro
Islâmico. Neste período houve várias
contribuições em diversos setores cultural da região, beneficiando a
tecnologia, a navegações a literatura, a artes e a indústria. Que ajudou no
desenvolvimento da sociedade.
Segundo o físico e teólogo
John Polkinghorne, a ciência e religião pode ser caracterizada através de
quatro eixos:
·
Como
disciplinas conflitantes;
·
Como disciplinas independentes;
·
Como
disciplinas que podem dialogar entre si;
·
Como disciplinas que abrangem a mesma área.
1.2.1
Incompatibilidade
A teoria da evolução e a
religião possuem incompatibilidades. E muitos pensadores usam desta
incompatibilidade para definir a relação entre fé e ciência. Para Richard
Dawkins, os religiosos apresentam um menosprezo pelos avanços nas pesquisas
cientificas, e isso dificulta o professor explicar a teoria da evolução, visto
que os alunos religiosos não aceitam essa teoria e rejeitam o professor.
1.2.2
Independência
Stephen Jay Gould é um
importante historiador da ciência, afirma que ciência e religião possuem
fundamentos com aspectos diferentes da experiência humana, sendo assim, essas
áreas do conhecimento podem trabalhar pacificamente. A definição de áreas separadas de Gould é aceita
pela academia nacional de ciência do Estados Unidos, no qual defende que ambas
são áreas do conhecimento independentes. Para o arcebispo John Habgood, a
ciência é descritiva, enquanto a religião é prescritiva, por isso elas
apresentam caminhos diferentes para compreensão da experiência humana.
1.2.3
Diálogos
O
teólogo Philip Hefner defende que as comunidades religiosas e cientificas tem
acadêmicos que participam de ambas áreas do conhecimento. Assim, a comunidade
acadêmica não pertence a nenhum dos grupos específicos, mas formam a terceira
via comunitária, que possuem interesses em comum entre as duas áreas de
conhecimento e envolvem todos. No pensamento de Alvin Plantinga, a ciência e
religião possuem afinidades, pois elas tentam explicar o mundo e a realidade.
Com isto, o verdadeiro conflito está entre ciência e o naturalismo.
1.2.4
Integração
Apesar da complexidade que
existe entre ciência e religião, os resultados produtivos que as duas trouxeram
para o mundo devem serem considerados regras, ou seja, é necessário que as duas
convivem em harmonia, pois o conflito entre as duas não beneficia a história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário