quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A FILOSOFIA POLÍTICA DA GRÉCIA ANTIGA COMO INSPIRAÇÃO PARA O ATUAL DEBATE SOBRE O ENSINAR A FILOSOFAR

Semana 6

Na semana 6 foi a vez de discutirmos sobre as concepções político-pedagógicas das Orientações Curriculares para o Ensino Médio elaboradas pelo MEC e a forma como a filosofia é ensina no Ensino Médio.
Para entendermos um pouco mais, foi-nos apresentado o Conteúdo Básico Comum - CBC  de Filosofia da rede de Ensino Estadual do Espírito Santo. É um documento norteador da educação que compartilha, além dos conteúdos e suas respectivas séries de ensino, competências e habilidades que devem ser desenvolvidas e privilegiadas no ensino do Filosofia, além de estratégias e material de apoio para que isso aconteça.

Para a prática, um plano de aula com base no CBC do Espírito Santo foi elaborado por cada um de nós, com temas à escolha para sermos avaliados quanto ao desenvolvimento da Filosofia para a formação de alunos em cidadãos críticos e responsáveis pela sociedade.

Assistam conosco a importância o ensino da Filosofia:


A CONTROVÉRSIA ENTRE SOFISTAS E FILÓSOFOS

Semana 4



Quando a filosofia de Platão aparece há um rompimento com a visão mitológica de mundo.
Não há mais o discurso do autoritarismo divino, os deuses dando  ordem aos homens, onde o sacerdote sabe e as pessoas comuns não sabem, calando-se diante deles.
Com Platão a palavra ganha força (teoria) como tentativa de explicar o mundo de maneira objetiva (metafísica).
Na democracia grega todos os homens tinham direito ao uso dessa palavra. Surge na cidade grega o espaço chamado Ágora (local onde as pessoas se juntavam para debater) e a lei e a justiça eram resultado dessa deliberação pública.
Quem usa a razão e a palavra melhor, ou seja, quem argumenta melhor, detém o poder. E pelo fato do debate ser público e aberto a todos os cidadãos, o resultado dessa práxis politica é uma legislação/justiça contextualizada ,ou seja, que reflete a cultura desse povo, suas crenças e sua cosmovisão.
Uma prova de que a Ágora era democrática era que tanto a visão do sofista Protágoras, quanto a do filósofo Platão coexistiam.

O texto termina afirmando que essa justiça democrática dos sofistas deve ser resgatada, contra o monopólio de uma visão cientificista representada pela teoria Platônica, na busca de uma pretensa verdade única.

Assista a webconferência sobre as controvérsias entre filósofos e sofistas:



A JUSTIÇA JUDICIAL DE ARISTÓTELES

Semana 3



No que se refere a justiça distributiva, ante o paralelismo antitético justiça e injustiça, Aristóteles considera a justiça como lado luminoso e a injustiça, como lado sombrio. Nesse sentido, o justo é aquele que submete-se à lei e o injusto aquele que se opõe. A justiça perfeita é aquela em que a ação boa consegue atingir a si próprio e ao próximo.
Seguindo esta linha de raciocínio, considera a injustiça irrestrita aquela ambiciosa, desdobrada como covardia, avareza, irascibilidade. Muitas vezes o ser humano é injusto ao agir instintivamente, por vezes, deixando de ser um animal totalmente racional. Vale lembrar que por vezes, a legalidade pode camuflar uma relação não justa entre as partes.
Para o filósofo, nas relações ganho-ganho, uma vez que se viola o princípio da proporcionalidade geométrica, comete-se injustiça.
Quanto a justiça corretiva, Aristóteles refere-se as relações privadas e vemos uma proporcionalidade aritmética. Cabe a um juiz, como mediador, fazer o equilíbrio entre as partes, decidindo o que for justo com base em princípios neutros e formais. Nesse sentido, não considera justa a reciprocidade exata, mas sim a reciprocidade proporcional. Esta mantem a cidade unida, uma vez que a busca do interesse comum se configura na felicidade da comunidade política.
Sobre comensurabilidade, vale ressaltar que deve-se considerar também, nessas relações de troca, o valor emocional, o valor religioso, o que o dinheiro tem feito há bastante tempo, segundo Aristóteles, sendo este o padrão de troca.
Para o filósofo deve haver uma separação entre a esfera pública e a privada, não podendo confundi-las. Mas houve aqueles que a confundiram muito ao longo da história, como os déspotas, que tratavam seus súditos a partir de um ponto de vista particular, privado, agindo assim, com injustiça. Afinal, concentravam muito poder em suas mãos.
Entre as várias dimensões de justiça, Aristóteles menciona ainda, a separação entre a justiça natural e a justiça legal, respaldadas no sentido da democracia que consequentemente discute e delibera sobre o melhor para a comunidade política, ressaltadas por uma série de opiniões contraditórias.
Só uma ação voluntária qualifica uma ação como justa ou injusta,  ou seja, agir por vontade própria, sem o uso da coerção. Não pode ser considerada natural a deliberação pública, afinal, ela pode ou não ser. Pode haver persuasão, dissuasão e, se é democracia, não se pode prever o resultado.
Ao contrário dos sofistas, Aristóteles acredita que a natureza da racionalidade limita a
deliberação pública, portanto a justiça natural não é convencional como a justiça legal.  Uma ação voluntária pode ser qualificada como justa ou injusta. Ser consciente é ter noção das consequências de suas ações, sendo portanto uma ação moral. Essa compreensão de moralidade marcou o mundo ocidental e continua atual pra muita gente, a exemplo do pecado, que muitos acreditam ser algo errado e mesmo assim, fazem.
Nesse contexto, existiria a possibilidade de alguém agir injustamente em relação a si mesmo? Para Aristóteles a resposta é não, pois isso iria contra a lei da natureza e, desta forma, seria injusto.
Sabendo que equidade é um conceito que se identifica com a justiça e a supera, entendemos que é a correção da justiça legal, preenchendo suas lacunas nos julgamentos. É como uma régua que se adapta às superfícies, usada pelo juiz para medir e julgar as ações humanas.

Lembrando que equitativo e igualitarismo são conceitos diferentes. Justiça, para Aristóteles, seria uma justa relação entre as partes que compõem o ser humano. Sendo assim o suicida, por exemplo, estaria cometendo um crime, por não cumprir suas obrigações políticas perante o Estado, perdendo seus direitos civis. 

Assista também:


quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A FORMAÇÃO DO GOVERNANTE EM PLATÃO

Semana 2



O texto da semana trata da visão platônica do governante, ilustrada a partir do mito da caverna que irá nortear a concepção do estadista como administrador público.
Para Platão o futuro governante precisa passar por um processo de educação que o torne ético e sábio. A contemplação da ideia do bem, para o filósofo, é fundamental para que um governante possua uma ação correta tanto na vida privada quanto na pública.  Para ele o verdadeiro político é aquele que se dedica à pesquisa filosófica e conceitual, tornando o exercício da política um ato de gratidão ao Estado ideal que o permitirá ascender até a contemplação da verdade, do bem e do belo.
Platão critica a ocupação de cargos políticos por pessoas que alcançam esse posto através da sedução do discurso persuasivo, que funciona como cortina para impedir que a verdade se revele.
Platão vê a arte da persuasão como uma ferramenta capaz de conduzir os governados ao caminho real e verdadeiro, não devendo ser utilizada como mecanismo de enganação.
Para o filósofo o estadista precisará passar por uma rigorosa formação durante 30 anos, que equilibre teoria e prática, a fim de torná-lo apto para governar.
O estadista, segundo Platão, deve personificar o Estado ideal, cujo coração se destina, não a um cesto de moedas, mas à “ilha das bem-aventuranças”. Toda educação do governante deve ser orientada ao bem em si, sendo ele aquele que investiga a essência da realidade em vista da verdade e do bem em si.

A atividade da semana procurou contextualizar a visão de Platão, fazendo um paralelo com o atual cenário político brasileiro e as consequências de uma ação política corrupta que privilegia os interesses particulares em detrimento dos interesses públicos.

Leia também e dê a sua opinião:
Reportagens a favor da indicação política


Reportagens contra a indicação política



A FILOSOFIA DA DEMOCRACIA DE PROTÁGORAS

Semana 1



No estudo da semana 1, foi apresentada a posição sofística de Protágoras em diálogo com Sócrates sobre a possibilidade de se desenvolver a virtude em cada indivíduo a partir da educação.
No mito e discurso de Protágoras, este faz uso de narrativas míticas e do discurso para provar que a virtude é algo que pode ser ensinado, mas que dependendo da singularidade do caráter da cada um, podem ser alcançados níveis mais ou menos elevados de virtude. Em seu discurso ele aponta a correção como um instrumento de aprendizado, entendendo que se assim não o fosse, não haveria sentido na punição, já que o agir contrário às leis e regras estariam concernentes à própria natureza de cada indivíduo.
Ele entende que a virtude faz parte de cada um e apesar de ser mais aprimorada em uns do que em outros devido aos conhecimentos adquiridos pela cultura, educação e estudos, ainda assim existem condições para que todos participem e discutam sobre aspectos que estão diretamente relacionados à vivência na polis, pois são assuntos que se direcionam ao estado de pertencimento de cada um.  
O texto da semana também tratou da questão relativa ao bom governante que para Platão se expressa na figura do filósofo, e que contraria a existência de um governo democrático, já que as pessoas “comuns” não teriam o conhecimento necessário para se manifestarem em relação ou que é bom ou justo.
Para Protágoras o bom governante é aquele que desenvolveu a arte do bem falar, ou seja, da retórica, ele acredita que todos possuem conhecimentos que são necessários para a vida política, já que esta se encontra intrinsecamente ligada à vida de todos os indivíduos da cidade, portanto um estado democrático se faz coerente a essa postura.

Durante a semana foram apresentados vídeos que discutiam o cenário político brasileiro, também como a postura ignorante de muitos indivíduos em relação a política.

Eis o Mito e discurso de Protágoras trabalhado na wiki da semana:

Sócrates, conversando com Protágoras o inquire à provar que pode ensinar as virtudes. Este, então, pergunta se é para demonstrar com um mito ou como um professor a dar aulas. Como as pessoas presentes são indiferentes, Protágoras se põe narrar o mito da criação do homem e dos outros seres mortais.
Naqueles tempos não existiam os mortais. Os Deuses criaram os homens a partir da terra e do fogo. Os irmãos virtuosos Prometeu ( aquele que prevê) e Epimeteu (aquele que pensa após) deveriam repartir os poderes entre todas as espécies . No entanto, Epimeteu pede para realizar a tarefa sozinho. Prometeu então concorda em inspecionar o trabalho de seu irmão. Epimeteu distribuiu todas as qualidades para os animais irracionais de forma igualitária. Aos pequenos, deu-lhe rapidez; aos fracos, abrigo, aos grandes e robustos, força, mas não rapidez; peles para o frio, cascos para proteger os pés. Uns comeriam vegetais e outros carnes. Às presas foram lhes dado alta taxa de reprodução, aos predadores, baixa. E assim assegurou o equilíbrio entre as espécies, assegurando que nenhuma delas se extinguisse e que sobrevivessem às intempéries.
No entanto, o homem ficara sem nenhum desses poderes. Prometeu, inspecionando a situação, tem pouco tempo para solucionar o problema, visto que havia o tempo certo para o homem. Então rouba a Sabedoria de Hefesto e  Atenas, juntamente com fogo, para que sabiamente pudesse articulá-lo. Ocorre que, mesmo com esses poderes os homens não possuem pelos, cascos nem força. Ainda assim, institucionalizaram a cidade com altares, estátuas, articularam a linguagem, construíram habitações, produziram vestimentas e cultivaram a agricultura. Muitas competências técnicas, porém, não possuindo a política, não poderiam conviver sem se agredirem mutuamente. Zeus, temendo que até o último homem fosse extinto, incube Hermes de levar o respeito e a justiça aos humanos. Seguindo as determinações de Zeus, Hermes distribui igualmente esses atributos entre a espécie humana, pois como disse o Deus dos deuses, um médico basta para muitos profanos, porém, uma cidade se faz de muitos homens, que só permanecem unidos em vida social se possuírem o sentido de respeito e de justiça um pelo outro.
Protágoras afirma a Sócrates ser esse o motivo de que em Atenas os conselhos deliberativos sobre os ofícios
diversos são compostos por poucos cidadãos, enquanto que nas deliberações políticas todos são aceitos a participarem. Protágoras defende que isso ocorre justamente por ser a política um atributo igualmente comum a todos o homens, por natureza, efeito do acaso ou mesmo porque a justiça pode ser ensinada e surge como produto de algo.
Até essa parte do mito, Protágoras provou que a política é inerente à espécie humana, mas ainda restava a parte mais importante para a questão que foi justamente o desafio de Sócrates ao sofista para que esse provasse a possibilidade de se ensinar as virtudes. À partir daqui, Protágoras abandona o mito e passa a usar o discurso para convencer Sócrates. Afirma que as pessoas devem ser ou parecerem virtuosas para serem consideradas normais perante os outros.
Quem dissesse que não era bondoso em praça pública, seria considerado louco. Por outro lado, quando alguém comete um crime brutal é preso e castigado, não pelo ato da vingança irracional, mas para que esse se corrija de seu desvio de caráter ou de comportamento. Além disso, seu castigo serve como exemplo para coibir novos transgressores. Fica evidente a função didática do ponto de vista da virtude, pois a punição não restituiria a norma quebrada, mas educaria o transgressor e a sociedade à observarem as regras da justiça e do respeito mútuo.
Protágoras indaga à Sócrates se a excelência é ensinada ou nata. Ele afirma  ser comum que há filhos de flautistas que são igualmente flautistas, mas que  há também aqueles pais virtuosos em um determinado instrumento e cujos filhos não herdaram o mesmo dom, e o há também o inverso. Os filhos dos mais ricos começam a ter aulas mais cedo e abandonam seus mestres mais tarde, daí serem virtuosos em maior número. Os atenienses já acreditavam que a virtude é algo que pode ser ensinada, para a qual nos preparamos toda a nossa vida. Para provar sua tese de que a virtude pode e é ensinada, Protágoras compara a educação dos jovens à vida social em uma cidade. Quando pequeno, as crianças seriam moldadas pelos pais, professores e pela sociedade, recompensando-os ou punindo-os de acordo com suas ações. Depois de adultos, eles passam a ser educados nas leis da cidade. Interpelando Sócrates, Protágoras fala de como seria o comportamento das pessoas que vivessem sem nenhuma forma de punição. Certamente, virtuosas não seriam.
Protágoras fazendo uso do mito e do discurso prova que a virtude é algo que pode ser ensinado, mas considera que existem níveis mais ou menos elevados de virtude que depende da singularidade do caráter da cada um. Em seu discurso, ele aponta a correção como um instrumento de aprendizado, pois se entendêssemos a virtude como algo inato não faria sentido existir punição para as pessoas que agissem de forma contrária as leis e regras já que essa atitude seria própria da sua natureza.
Em complemento, ainda afirma que por toda a vida busca-se a excelência. Pais, pedagogos, mestres, todos encontram-se empenhados em tornar o cidadão capaz de compreender e viver na pólis, principalmente em sua juventude.
Ainda, ele entende que a virtude faz parte de cada um e apesar de ser mais aprimorada em uns do que em outros devido aos conhecimentos adquiridos pela cultura, educação e estudos, ainda assim há condições para que todos participem e discutam sobre aspectos que estão diretamente relacionados à vivência na polis, pois estão direcionados ao estado de pertencimento de cada um.  


A FILOSOFIA POLÍTICA NA ANTIGUIDADE GREGA

SINTETIZANDO O QUE FOI APRENDIDO, PESQUISADO E DISCUTIDO NOS CINCO MÓDULOS


Introdução

A disciplina de Filosofia Política II procurou, ao longo das semanas, direcionar nossos olhares a uma compreensão dos propósitos que envolveram as discussões políticas da antiguidade grega, colocando as diversas concepções relativas ao governante ideal concebidas por Protágoras, Platão e Aristóteles. Essas discussões continham diversos argumentos que avaliavam a arte de governar e sua importância, além de buscar meios que conduzissem ao caminho mais acertado para a escolha do governante.

Assista conosco a apresentação da disciplina:

http://webconf2.rnp.br/p7qm3zsj1w6/