quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A FILOSOFIA DA DEMOCRACIA DE PROTÁGORAS

Semana 1



No estudo da semana 1, foi apresentada a posição sofística de Protágoras em diálogo com Sócrates sobre a possibilidade de se desenvolver a virtude em cada indivíduo a partir da educação.
No mito e discurso de Protágoras, este faz uso de narrativas míticas e do discurso para provar que a virtude é algo que pode ser ensinado, mas que dependendo da singularidade do caráter da cada um, podem ser alcançados níveis mais ou menos elevados de virtude. Em seu discurso ele aponta a correção como um instrumento de aprendizado, entendendo que se assim não o fosse, não haveria sentido na punição, já que o agir contrário às leis e regras estariam concernentes à própria natureza de cada indivíduo.
Ele entende que a virtude faz parte de cada um e apesar de ser mais aprimorada em uns do que em outros devido aos conhecimentos adquiridos pela cultura, educação e estudos, ainda assim existem condições para que todos participem e discutam sobre aspectos que estão diretamente relacionados à vivência na polis, pois são assuntos que se direcionam ao estado de pertencimento de cada um.  
O texto da semana também tratou da questão relativa ao bom governante que para Platão se expressa na figura do filósofo, e que contraria a existência de um governo democrático, já que as pessoas “comuns” não teriam o conhecimento necessário para se manifestarem em relação ou que é bom ou justo.
Para Protágoras o bom governante é aquele que desenvolveu a arte do bem falar, ou seja, da retórica, ele acredita que todos possuem conhecimentos que são necessários para a vida política, já que esta se encontra intrinsecamente ligada à vida de todos os indivíduos da cidade, portanto um estado democrático se faz coerente a essa postura.

Durante a semana foram apresentados vídeos que discutiam o cenário político brasileiro, também como a postura ignorante de muitos indivíduos em relação a política.

Eis o Mito e discurso de Protágoras trabalhado na wiki da semana:

Sócrates, conversando com Protágoras o inquire à provar que pode ensinar as virtudes. Este, então, pergunta se é para demonstrar com um mito ou como um professor a dar aulas. Como as pessoas presentes são indiferentes, Protágoras se põe narrar o mito da criação do homem e dos outros seres mortais.
Naqueles tempos não existiam os mortais. Os Deuses criaram os homens a partir da terra e do fogo. Os irmãos virtuosos Prometeu ( aquele que prevê) e Epimeteu (aquele que pensa após) deveriam repartir os poderes entre todas as espécies . No entanto, Epimeteu pede para realizar a tarefa sozinho. Prometeu então concorda em inspecionar o trabalho de seu irmão. Epimeteu distribuiu todas as qualidades para os animais irracionais de forma igualitária. Aos pequenos, deu-lhe rapidez; aos fracos, abrigo, aos grandes e robustos, força, mas não rapidez; peles para o frio, cascos para proteger os pés. Uns comeriam vegetais e outros carnes. Às presas foram lhes dado alta taxa de reprodução, aos predadores, baixa. E assim assegurou o equilíbrio entre as espécies, assegurando que nenhuma delas se extinguisse e que sobrevivessem às intempéries.
No entanto, o homem ficara sem nenhum desses poderes. Prometeu, inspecionando a situação, tem pouco tempo para solucionar o problema, visto que havia o tempo certo para o homem. Então rouba a Sabedoria de Hefesto e  Atenas, juntamente com fogo, para que sabiamente pudesse articulá-lo. Ocorre que, mesmo com esses poderes os homens não possuem pelos, cascos nem força. Ainda assim, institucionalizaram a cidade com altares, estátuas, articularam a linguagem, construíram habitações, produziram vestimentas e cultivaram a agricultura. Muitas competências técnicas, porém, não possuindo a política, não poderiam conviver sem se agredirem mutuamente. Zeus, temendo que até o último homem fosse extinto, incube Hermes de levar o respeito e a justiça aos humanos. Seguindo as determinações de Zeus, Hermes distribui igualmente esses atributos entre a espécie humana, pois como disse o Deus dos deuses, um médico basta para muitos profanos, porém, uma cidade se faz de muitos homens, que só permanecem unidos em vida social se possuírem o sentido de respeito e de justiça um pelo outro.
Protágoras afirma a Sócrates ser esse o motivo de que em Atenas os conselhos deliberativos sobre os ofícios
diversos são compostos por poucos cidadãos, enquanto que nas deliberações políticas todos são aceitos a participarem. Protágoras defende que isso ocorre justamente por ser a política um atributo igualmente comum a todos o homens, por natureza, efeito do acaso ou mesmo porque a justiça pode ser ensinada e surge como produto de algo.
Até essa parte do mito, Protágoras provou que a política é inerente à espécie humana, mas ainda restava a parte mais importante para a questão que foi justamente o desafio de Sócrates ao sofista para que esse provasse a possibilidade de se ensinar as virtudes. À partir daqui, Protágoras abandona o mito e passa a usar o discurso para convencer Sócrates. Afirma que as pessoas devem ser ou parecerem virtuosas para serem consideradas normais perante os outros.
Quem dissesse que não era bondoso em praça pública, seria considerado louco. Por outro lado, quando alguém comete um crime brutal é preso e castigado, não pelo ato da vingança irracional, mas para que esse se corrija de seu desvio de caráter ou de comportamento. Além disso, seu castigo serve como exemplo para coibir novos transgressores. Fica evidente a função didática do ponto de vista da virtude, pois a punição não restituiria a norma quebrada, mas educaria o transgressor e a sociedade à observarem as regras da justiça e do respeito mútuo.
Protágoras indaga à Sócrates se a excelência é ensinada ou nata. Ele afirma  ser comum que há filhos de flautistas que são igualmente flautistas, mas que  há também aqueles pais virtuosos em um determinado instrumento e cujos filhos não herdaram o mesmo dom, e o há também o inverso. Os filhos dos mais ricos começam a ter aulas mais cedo e abandonam seus mestres mais tarde, daí serem virtuosos em maior número. Os atenienses já acreditavam que a virtude é algo que pode ser ensinada, para a qual nos preparamos toda a nossa vida. Para provar sua tese de que a virtude pode e é ensinada, Protágoras compara a educação dos jovens à vida social em uma cidade. Quando pequeno, as crianças seriam moldadas pelos pais, professores e pela sociedade, recompensando-os ou punindo-os de acordo com suas ações. Depois de adultos, eles passam a ser educados nas leis da cidade. Interpelando Sócrates, Protágoras fala de como seria o comportamento das pessoas que vivessem sem nenhuma forma de punição. Certamente, virtuosas não seriam.
Protágoras fazendo uso do mito e do discurso prova que a virtude é algo que pode ser ensinado, mas considera que existem níveis mais ou menos elevados de virtude que depende da singularidade do caráter da cada um. Em seu discurso, ele aponta a correção como um instrumento de aprendizado, pois se entendêssemos a virtude como algo inato não faria sentido existir punição para as pessoas que agissem de forma contrária as leis e regras já que essa atitude seria própria da sua natureza.
Em complemento, ainda afirma que por toda a vida busca-se a excelência. Pais, pedagogos, mestres, todos encontram-se empenhados em tornar o cidadão capaz de compreender e viver na pólis, principalmente em sua juventude.
Ainda, ele entende que a virtude faz parte de cada um e apesar de ser mais aprimorada em uns do que em outros devido aos conhecimentos adquiridos pela cultura, educação e estudos, ainda assim há condições para que todos participem e discutam sobre aspectos que estão diretamente relacionados à vivência na polis, pois estão direcionados ao estado de pertencimento de cada um.  


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