quarta-feira, 27 de setembro de 2017

PARTE I - APRESENTAÇÃO



EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO E CIENTÍFICO

Como método avaliativo do semestre ou, como o Mapa de Atividades apresenta para nós, estudantes de Filosofia, a Checagem de Conteúdos prevista para esta semana na disciplina de Evolução do Pensamento Filosófico e Científico, ministrada pelos professores Filicio Mulinari e Silva e Cláudia Pereira do Carmo Murta e acompanhada pelos tutores Marcos Roberto Silva Caliari e Bruno Abílio Galvão, é realizar um Seminário sobre um dos temas expostos durante as seis semanas de estudos. A apresentação oral acontecerá no encontro presencial e as temáticas serão expostas neste blog.
A temática escolhida pelo grupo foi a exposta na Semana 1, sobre Ciência, Religião e suas fronteiras.

O grupo é composto pelos acadêmicos Beneir Cunha da Silva Junior, Cristiani Lopes Silva, Gislayne da Penha Croce Ferreira, Kerly Nunes de Souza e Maria Elizabeth Ribeiro.

PARTE II - CIÊNCIA, RELIGIÃO E SUAS FRONTEIRAS

1      Entre ciência e religião

1.1 Traçando uma fronteira conceitual

A ciência sempre procurou atestar empiricamente suas teorias, para tratá-las como verdade, mesmo assim, a medida que investiga, muitas vezes encontra outras verdades que são capazes de invalidar as antigas. O homem pauta o conhecimento a partir do que é capaz de compreender intelectualmente, e muitas vezes ignora ou descarta aquilo que foge ao seu entendimento.
Os conceitos de ciência e religião parece-nos conhecimentos totalmente distintos, que um não deve envolver-se com o outro, pois isso acabaria com suas essências e, consequentemente, com o que cada um é. Em outras palavras ciência deixaria de ser ciência e religião deixaria de ser religião.
Para entender melhor essa suposta contradição entre ciência e religião é importante conhecer suas origens. O termo religião era pouco utilizado antes do século XIX, seu sentido estava relacionado ao termo religio que significava piedade ou adoração e estava diretamente relacionado à tradição cristã. Após o século XIX o termo foi ganhando novos significados e usos.
Ao redor do termo religião existem algumas conceituações etimológicas como: religare que significa religar o homem à Deus; relegere, do latim, que se relaciona ao ato de releitura e interpretação dos textos bíblicos sagrados; e, atualmente, com uma conotação mais universal, considera um conjunto de crenças que associam o que é humano ao transcendente.
Já o termo ciência, como é conhecido atualmente, surgiu no século XIX, popularizado por William Whewell ao se referir aos praticantes de diversas áreas da filosofia natural.
Muitos filósofos da ciência  buscaram delimitar limites entre ciência e religião. Por exemplo: para Karl Popper a ciência, diferente da religião, possui hipóteses falsificáveis e Charles Alan Taylor defende que os limites entre ciência e religião variam de acordo com o contexto histórico que os cercam.
Normalmente distingue-se ciência de religião atribuindo àquela o conhecimento do que está ligado ao mundo natural e a esta ao mundo sobrenatural. Essa restrição da ciência ao mundo natural é chamada de naturalismo metodológico, que têm como objeto de estudo entidades naturais e não sobrenaturais, apesar de não desconsiderá-las. Os conceitos de ciência e religião não se resumem a uma definição única e imutável, pois suas vertentes irão variar de acordo com a delimitação do que se quer conhecer e por quais meios.

1.2 Uma complexa relação

Desde a antiguidade clássica filósofos, teólogos e cientistas estudam a relação que há entre ciência e religião. A ciência é conhecida pela sua eficácia, razão, experiência e evidência, já a religião é conhecida por seu caráter de revelação, fé e sacralidade.  Elas são passivas de mudanças de acordo com o contexto histórico. A religião é responsável por diversas inovações cientificas e técnicas anteriores a Revolução Cientifica.
Os séculos VIII e XIII é marcado pelo período denominado como Renascimento ou Idade de Ouro Islâmico.  Neste período houve várias contribuições em diversos setores cultural da região, beneficiando a tecnologia, a navegações a literatura, a artes e a indústria. Que ajudou no desenvolvimento da sociedade.
Segundo o físico e teólogo John Polkinghorne, a ciência e religião pode ser caracterizada através de quatro eixos:

·         Como disciplinas conflitantes;
·        Como disciplinas independentes;
·         Como disciplinas que podem dialogar entre si;
·        Como disciplinas que abrangem a mesma área.

1.2.1 Incompatibilidade
         A teoria da evolução e a religião possuem incompatibilidades. E muitos pensadores usam desta incompatibilidade para definir a relação entre fé e ciência. Para Richard Dawkins, os religiosos apresentam um menosprezo pelos avanços nas pesquisas cientificas, e isso dificulta o professor explicar a teoria da evolução, visto que os alunos religiosos não aceitam essa teoria e rejeitam o professor. 

1.2.2 Independência
         Stephen Jay Gould é um importante historiador da ciência, afirma que ciência e religião possuem fundamentos com aspectos diferentes da experiência humana, sendo assim, essas áreas do conhecimento podem trabalhar pacificamente.  A definição de áreas separadas de Gould é aceita pela academia nacional de ciência do Estados Unidos, no qual defende que ambas são áreas do conhecimento independentes. Para o arcebispo John Habgood, a ciência é descritiva, enquanto a religião é prescritiva, por isso elas apresentam caminhos diferentes para compreensão da experiência humana.

1.2.3 Diálogos 
         O teólogo Philip Hefner defende que as comunidades religiosas e cientificas tem acadêmicos que participam de ambas áreas do conhecimento. Assim, a comunidade acadêmica não pertence a nenhum dos grupos específicos, mas formam a terceira via comunitária, que possuem interesses em comum entre as duas áreas de conhecimento e envolvem todos. No pensamento de Alvin Plantinga, a ciência e religião possuem afinidades, pois elas tentam explicar o mundo e a realidade. Com isto, o verdadeiro conflito está entre ciência e o naturalismo.

1.2.4 Integração

Apesar da complexidade que existe entre ciência e religião, os resultados produtivos que as duas trouxeram para o mundo devem serem considerados regras, ou seja, é necessário que as duas convivem em harmonia, pois o conflito entre as duas não beneficia a história.

PARTE III - CONEXÕES CONTEMPORÂNEAS ENTRE CIÊNCIA E RELIGIÃO

2  Conexões contemporâneas entre ciência e religião

Atualmente temos vários temas que envolvem o debate entre ciência e religião, e iremos tratar de dois que tem sido destaque nas últimas décadas: o debate acerca da criação do universo e o debate da origem da humanidade.

2.1 A origem da Terra e o papel de Deus nessa história

Acreditamos que todos conhecem a doutrina bíblica da criação, descrita no Livro de Gênesis, que em síntese, diz que Deus criou o mundo em seis dias, e no sétimo descansou. Podemos encontrar 4 características básicas nessa doutrina da criação cristã:
a)Deus criou o mundo do nada;
b)Deus é distinto do mundo, mostrando uma assimetria radical entre criador e criatura;
c)Caráter bondoso da criação;
d)Deus fez provisões para o fim do mundo e irá criar um novo paraíso na Terra, erradicando o mal.
Podemos associar a doutrina da criação com o poder divino de Deus sobre a humanidade, e isso nos influencia até nossos dias não sendo apenas um fato que o ocorreu milhares de anos atrás.  Contudo, a questão é saber se essas doutrinas cristãs da criação e da ação divina são compatíveis com as últimas descobertas da ciência.
A invasão da ciência no território da religião acontece, principalmente, pelas descobertas científicas (vindas da geologia e da teoria da evolução) e pelas recentes leis científicas que parecem não deixar espaço para uma ação divina, afinal, não precisa mais de um ente metafísico para explicar o funcionamento do mundo que já funciona mecanicamente.
Após essa evolução científica, e com os textos bíblicos já difundidos por séculos, cabe a indagação: esses textos devem ser interpretados de um modo histórico, metafórico ou poético?
Vamos entender melhor os dois lados: No século XVII, o pastor anglicano James Ussher datou a criação da Terra no ano de 4004 a.C., porém, a ciência, através da geologia e suas descobertas, revela que a Terra teve origem significativamente muito antes do que 4004 a.C.
Não somente a geologia, mas outras descobertas científicas também impactaram a interpretação dos livros sagrados, tais como as teorias baseadas no conceito de evolução para explicar a origem das espécies. Nesse ponto, destaca-se Charles Darwin e sua teoria da evolução, apresentada em sua obra “A origem das espécies”. Cabe nesse ponto uma interessante curiosidade: Não obstante a viagem de Darwin iniciou em 1831, durando 4 anos, essa obra da origem das espécies só foi publicada em 1859, ou seja, vários anos depois. Alguns comentaristas afirmam que tal atraso se deu pelo medo da repercussão de sua obra no meio cristão, uma vez que suas observações iam de encontro aos ensinos bíblicos da criação.
Diante desse impasse de criacionistas e cristãos, recentemente nos foi apresentada a Teoria do Design Inteligente, numa tentativa de reconciliação. Essa teoria defende que a alta complexidade dos seres vivos só pode ser fruto de uma “mente inteligente e criadora” e não fruto do mero acaso. Essa mente criadora não costuma ser nomeada de Deus, mas isso por critérios políticos, para evitar uma nomenclatura religiosa e assim a teoria se revestir de uma aparente cientificidade.
Após essa breve explanação da teoria da evolução, sigamos com a compreensão das intervenções divinas. No século XVII, filósofos naturais desenvolveram uma visão mecânica do mundo, onde este era governado ordenadamente por processos e leis rígidas, e essa ideia de leis físicas imutáveis e estáveis, criou dificuldades para o conceito de ação divina. As novas descobertas da física no século XX, tais como teorias gerais da relatividade, teoria do caos e teoria quântica acabam por ultrapassar a ideia de um mundo como um sistema mecânico, além de abrir margem para possíveis reinterpretações da ação divina no mundo.
Na intenção de unir a ideia de Deus com o pensamento científico, a teoria do caos mostra uma abertura onde Deus pode operar sem violar as leis da natureza. Contudo, depara-se com uma nova indagação, pois uma coisa é afirmar que só podemos conhecer as coisas até certo ponto, mas outra muito distante é afirmar que para além das coisas que conhecemos existe algo, e esse algo é Deus, e Ele criou as coisas.

2.2 O futuro debate entre ciência e religião: ética evolutiva
  

Após a publicação da teoria da seleção natural de Darwin, houve uma preocupação sobre as consequências da teoria da evolução para a moralidade e a religião. Sendo assim, caso essas teorias estivessem certas, significaria por consequência que a Bíblia estaria errada, e assim toda a sua doutrina seria colocada em xeque. Nesse contexto, surge a indagação do porque agir eticamente, embora os evolucionistas argumentarem que a moralidade humana não é contrária à ideia de evolução, e pode ainda ser compreendida como uma continuação evolutiva do comportamento social de animais não humanos. Assim, nossa habilidade de realizar julgamentos morais é o resultado da própria seleção natural. Dessa forma, se o comportamento ético é um resultado da evolução, a ideia de Deus parece não ter muita serventia.
Essa última afirmação é polêmica. Refletindo sobre tema, caso concordemos que a habilidade de realizar julgamentos morais é resultado da seleção natural, isso significaria que as pessoas antiéticas seriam atrasadas evolutivamente! Além dessa conclusão estranha, essa afirmação ainda poderia nos fazer pensar que o sentido moral em termos evolutivos acaba por minar a autonomia e responsabilidade individual, ou seja, toda ação do sujeito nada mais seria que uma consequência natural.
Realizando um contraponto, filósofos como John Hare afirmam que a ética evolucionista não explica nosso sentimento de obrigação moral para além do nosso próprio interesse biológico, e sendo assim, as teorias religiosas tem uma explicação mais coerente do motivo de sentirmos necessidade de realizar certas obrigações morais. Em outras palavras, se a moral fosse fruto de evolução ela se restringiria a situações que propiciem a sobrevivência da espécie, e sendo assim, não faria sentido, por exemplo, nosso sentimento moral de não querer causar dor ao nosso próximo, mesmo que isso cause um desconforto em nós mesmos, uma vez que isso não faz o menor sentido numa linha evolutiva de sobrevivência.

Concluindo, observamos que a religião ainda é um forte fundamento moral para a maior parte dos debates contemporâneos sobre ética. Se por um lado a ciência se torna um referencial em vários domínios em nossos dias, no que diz respeito aos debates éticos a religião ainda se encontra como um adversário à altura.

PARTE IV - TEXTO COMPLEMENTAR


 Pode a Ciência crer em Deus?

A fé religiosa está passando por uma crise, pois muitos já não acreditam tanto apesar de ansiarem por um sentido pela vida. A ciência é rejeitada por muitos e é culpada por esta frieza que tem acometido muitas pessoas.
A partir das grandes descobertas científicas, a religião não consegue explicar  questões como a criação do universo, a origem da vida e as leis que a orienta; porém, quando se estuda profundamente todo este processo, surge a pergunta: “mas quem criou tudo isso”?
As religiões pregam que a criação foi um ato planificado de um Deus que já existia, por outro lado, a ciência, tudo surgiu de uma explosão chamada big bang. O interessante é que se a teoria da Igreja é contestada, a do big bang também é muito discutida entre os estudiosos e cientistas, pois o grande questionamento é saber de onde veio a energia no momento da explosão.
Outra pergunta que paira é: “por que o universo tomou a forma que se tem hoje?
Muitos pesquisadores encontram explicações para perfeição do universo na Física quântica. As leis da física podem explicar por que a energia e a matéria podem surgir do nada.
Diante disso, a ciência acaba excluindo Deus como o autor exclusivo da criação, como prega os teólogos e as igrejas. Mas surge  outra questão: as leis podem explicar todo o fenômeno da criação, porém, quem criou estas leis tão perfeitas?
E é exatamente o estudo destas leis que impressionam e deixam indagações, pois são muito simples e de uma beleza e perfeição extrema. As referidas leis possuem beleza, simplicidade e uma lógica interna, que serve de sustentação para a vida racional. A existência dos átomos, as cargas elétricas, a força de campo, a gravitação, são alguns dos exemplos que a natureza fez tudo de forma correta.
Assim, entende-se que a ciência pode explicar através da Física Quântica que a existência do universo está escrita nas leis da natureza e que tudo faz parte de um plano, porém, quem pode explicar quem planejou tudo isto é a teologia, visto que a ciência lida somente com mundo natural.
Sendo assim, ciência e religião se preocupam com vertentes distintas, a ciência se preocupa com a razão e experiência e a religião fé e sacralidade; porém, vale ressaltar que ambas trouxeram e trazem muitos benefícios para a humanidade.

 ASSISTA O VÍDEO ABAIXO PARA COMPLEMENTAR NOSSA DISCUSSÃO:

A Religião e a Ciência - Marcelo Gleiser

PARTE V- FILÓSOFOS DO MUNDO E DA CIÊNCIA

KARL RAIMUND POPPER

Popper vê a ciência como uma atividade estritamente indutiva que a partir de determinadas observações  experiências., avança hipóteses e formula leis sobre fenômenos, procedendo depois à sua generalização e verificação.
Popper considera que, por maior que seja o número de observações particulares, não há justificação racional para a sua generalização a todos os casos.

Popper conclui que as inferências indutivas não conferem ao conhecimento uma necessidade lógica nem validade universal.
Ele propõe portanto, que as exigências de verificabilidade devem ser trocadas pela teoria da falseabilidade, segundo  a qual uma teoria científica só poderá ser considerada verdadeira até que ela seja refutável, ou seja, falseável. o conhecimento científico se desenvolve com base na busca e na tentativa de encontrar lacunas para falsear uma teoria.
nesse caso, os cientistas, levando em consideração o princípio da incerteza, desenvolveram teorias cada vez mais consistentes e flexíveis.

NEIL DEGRASSE TYSON

“Nós nos definimos como inteligentes. Isso é estranho, porque nós fizemos a definição. Nós criamos nossa própria definição e dissemos que éramos inteligentes!”

O astrofísico mais pop da galáxia nasceu no Bronx, em Nova York, nos Estados Unidos, e começou a se apaixonar por astronomia aos 9 anos, numa visita ao Planetário de Hayden, do qual se tornou diretor em 1996.
Sua vida midiática decolaria após assinar sob o pseudônimo Merlin, entre 1995 e 2005, uma coluna mensal na revista Star Date em que tirava dúvidas dos leitores sobre o universo.

SEU OBJETIVO É TORNAR A CIÊNCIA MAIS ACESSÍVEL AO PÚBLICO


“Quando eu penso em um “significado” para a vida, eu me pergunto: ‘será que eu aprendi algo hoje que me deixou um pouco mais perto de saber tudo que há para se saber no universo?’ Se eu não sei mais em um dia do que eu sabia no dia anterior, para mim esse foi um dia desperdiçado. (...) Então, essa não é uma questão eterna e sem resposta — ela está ao alcance das minhas mãos todos os dias. Eu sugiro que você, com seis anos, explore a natureza o máximo que puder.”

 Em entrevista à Revista Galileu, da Editora O Globo, Tyson revela sua relação própria com a ciência ao fazer uma relação com a religião:

“Toda descrição de um poder superior que eu já vi, de todas as religiões que eu conheci, inclui várias declarações em relação à benevolência desse poder. Quando eu olho o universo e todas as maneiras pelas quais ele quer nos matar, eu acho difícil conciliar isso com as afirmações de generosidade.”

PARA OS AMANTES DE GAME OF TRONES, TYSON DEU A SUA GRAÇA. ELE COMENTOU ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DA SÉTIMA TEMPORADA, NO QUESITO CIÊNCIA. ACOMPANHE O LINK ABAIXO: