METAFÍSICA E LÓGICA
Neste semana, o livro IV da "Metafísica” de
Aristóteles foi referência para as reflexões sobre a relação entre Metafísica e
Lógica. Abordou-se o princípio básico da lógica, o princípio de
não-contradição, apresentados no livro da metafísica - o "Organon”. Os
sofistas também tiveram seu espaço em nossas discussões quando abordamos
com ais ênfase o princípio de
não-contradição, ao tratá-lo como argumento lógico, podendo ser refutado,
contudo o princípio de não-contradição não pode ser refutado nem demonstrado.
Neste sentido, mais
uma vez retomamos o sentido da Metafísica enquanto filosofia primeira, a
ciência que estuda o “ser enquanto ser”, ou seja, busca no meio a origem e o
princípio de tudo, a essência das coisas, porém, agora, buscamos relacioná-la à
lógica da Filosofia, ao ponto que observamos o meio em que ela se expressa por
meio das reflexões de Aristóteles.
Na tentativa de
entender as relações dessa ciência, para além dos entes físicos, Aristóteles
reflete sobre o desejo de conhecer que é intrínseco à natureza humana e, é a
partir desse processo de admiração pelos fenômenos que iniciou a própria
filosofia enquanto exercício de busca por explicações satisfatórias sobre a
origem de tudo.
O conceito de physis
está sintetizado ao pensamento de Aristóteles, porém, de forma a buscar, não
mais o princípio material de tudo, e sim o princípio eficiente, a busca pela
diversidade. Nessa busca, Aristóteles percebe a evolução do sensível (empírico)
para o suprassensível.
Em suas exigências
pelo que o homem pretende dizer e ser, esse filósofo faz da palavra a essência
da linguagem. O discurso torna-se é o próprio pensamento em comunicação. “para
ele, as coisas tem essência e a linguagem tem sentido [...] Atrás da linguagem
tem uma intenção humana que se dirige para as coisas.”
Quando pretendemos
investigar ou utilizar de discurso para expor as argumentações necessárias, é
preciso partir de um princípio lógico. Esse princípio escapa à demonstração e
deve ser buscado por meio da refutação, ou seja, deve-se determinar tal
pensamento a partir de fundamentações, pois a partir de expressado, o
pensamento ganha significado, uma relação de sentido e essência, símbolo e
significado. A linguagem é própria do humano e isso o incorpora à humanidade. A
meta do filósofo é trabalhar com a linguagem e evitar equívocos, entendendo as
premissas e mantendo os princípios pela busca da verdade.
Sobre
o desejo de conhecer, expresso por Aristóteles e solicitado na reflexão do
laboratório:
Aluno A
O desejo de conhecer é intrínseco à natureza humana. Vivemos porque ousamos a cada dia descobrir o que nos espera. A curiosidade propõe ao homem as maiores descobertas, claro não posso deixar de mencionar que nem tudo que o homem ousou conhecer foi bom, mas, foi base para o conhecimento. Conhecer é expressão de conteúdos da consciência, uma forma de sentir, de construir valores e de se relacionar com os outros e com o meio.
Aristóteles menciona a capacidade que o homem tem de admirar-se com a própria vida e procurar sentido através dos fenômenos. A possibilidade de observá-los e admirá-los possibilitou o exercício do filosofar em busca de respostas pelas angústias que há muito assolam a humanidade. Inicialmente com as causas materiais encontra a física, mais tarde, com o entendimento da diversidade e a necessidade de entender a causa eficiente encontra a metafísica...
Foi a partir da natureza que o homem começou a sua incansável busca. Como numa grande colcha de retalhos, vem buscando pedaços de tecidos que possam compor essa trama que é a vida. Ao ler as postagens dos colegas, lembrei-me do livro "O Pequeno Príncipe”, Le Petit de Antoine de Saint-Exupery, em que um pequeno sai de seu minúsculo mundo em busca de aventuras e descobertas que vão iluminar a sua existência.
"Mas ainda há uma coisa que todos nós precisamos: descobrir quem somos e por que vivemos. [...] essas perguntas têm sido feitas pelas pessoas de todas as épocas. É mais fácil fazer perguntas filosóficas do que respondê-las. A história nos mostra diferentes respostas para cada uma dessas perguntas, mas cada um de nós deve procurar a sua reposta.”
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. São Paulo: Cia das Letras. 1997. (Fragmento)
Aluno B
Aristóteles em seu livro I de Metafísica no capítulo 1 afirma que "todo homem tem por natureza o desejo de conhecer”, ele ressalta que esse desejo se estabelece a partir do prazer que as sensações por si mesmas nos proporcionam, e em especial a visão. Dentre nossos sentidos a razão é aquela que nos conduz ao conhecimento, e essa não é correspondente a todo ser, mas somente a espécie humana, sendo capaz de conduzir o ser pensante para além da simples recordação de imagens, na construção da experiência.
O filósofo afirma que a ciência e a arte são produzidas a partir da experiência, e que quando confrontadas com a vida prática, arte e experiência tornam-se semelhantes, contudo destaca que enquanto a experiência se caracteriza como um conhecimento dos singulares a arte se relaciona aos conhecimentos universais.
Aristóteles coloca a arte em um grau superior de importância em relação a experiência quando se trata do conhecer, mas ressalta que "noção sem experiência” pode trazer muitas vezes enganos. Ele destaca que a arte é vista por todos como algo mais sábio do que a experiência, pois enquanto esta se limita ao "o quê” aquela compreende o "porquê” e a causa das coisas. Ele ressalta que aquele que somente conhece o singular, age sem "saber o que faz”, ou seja, age por imitação sem a compreensão do todo, enquanto aquele que conhece as causas possui uma ação consciente e mais completa da coisa.
Para Aristóteles a sabedoria conquistada traz ao homem uma satisfação que está para além da sua finalidade, pois ao despertar admiração aos homens gera uma sensação de superioridade diante daqueles que não a possuem.
Aluno C
O desejo de conhecer, segundo Aristóteles, é algo natural do ser humano, ou seja, próprio dele, e que é a razão que nos proporciona chegar ao conhecimento. Esse "conhecer” dá ao homem satisfação.
Importante destacar que essa curiosidade humana é despertada por sua admiração. Pois é sobre o que admiro que quero conhecer mais. Existem, claro, consequências dessa busca: Colho o que planto, conheço o que busco, apesar disso nem sempre ser o melhor para mim ou para os outros.
Além dos sentidos, ele destaca a memória, a experiência, a arte e a ciência como importantes canais de conhecimento. Destes, muito destaque tem a arte, pois desperta todos os outros sentidos.
Aristóteles ressaltou ainda, que o ser humano é um ser de linguagem, utilizando-se de formas lógicas na organização e expressão das ideias e conhecimentos. Portanto, usamos argumentos para expor e defender nossos pontos de vista.
O conhecimento não é algo comum, pois quando buscamos conhecer algo, já não somos mais os mesmos, ou seja, ele produz transformações em nossas vidas e consequentemente no mundo que nos cerca.
Ainda, foi nos
apresentado, um roteiro de produção
textual que buscava evidenciar a importância do pensamento de Parmênides no contexto da física de seu
tempo, bem como os elementos presentes no vídeo que se estendem para além
da física.
Algumas perguntas
nortearam a produção:
1 1) O que distingue o pensamento de Parmênides em relação aos
fisiólogos de sua época?
2 2) O que é inserido por Parmênides no contexto intelectual
de sua época que perpassa para além da física?
3 3) Por que a proposição de Parmênides no poema funda um
paradoxo em relação ao movimento?
Nos fragmentos
apresentados do poema Sobre a Natureza, Sexto Empírico VII e Simplício, do Céu,
Parmênides discorre e busca entender a origem da natureza. Através de uma
cavalgada transcendente (uma força vigorosa que leva o homem às descobertas)
guiada pela suavidade e perspicácia (que levam o ser às descobertas de forma
sensata) o filósofo pré-socrático é conduzido à um caminho em que é
representado por uma deusa que lhe promete a revelação da verdade.
O eleata discorre
sobre a distinção entre realidade e aparência. No poema, ele descreve a
presença de dois caminhos: o caminho da verdade (físico)e o caminho da opinião
(que perpassa a física). O primeiro conduz o homem à verdade e o segundo à um
absoluto que não pode ser revolvido pelo homem. Ele se insere numa busca pelo
pensar e, ao pensar, percebe que encontra o ser em sua essência. A curiosidade
e coragem que são apresentadas por Parmênides em seu poema mostram o porquê que
o limiar entre os termos são ultrapassados. O homem, nessa transição, consegue
perceber o que lhes é mostrado e o que ainda pode ser alcançado. É uma acordar
de um sono dogmático (léthe) e perceber as possibilidades (a-léteia), a
iluminação.
Ainda no poema,
Parmênides defende que o ente pode ser esférico ou seja, a esfera representa o
caráter da perfeição do real, a essência da realidade, o que permanece, mesmo
com a mudança, trazendo a ideia de que a coisa é ou deixa de ser, não há a
possibilidade de ambos num mesmo ente, caracterizando a imutabilidade, a
unidade.
Ele inaugura uma
pensamento que vai além dos elementos físicos, mas que considera também o
abstrato, a própria metafísica. Parmênides entende a verdade como uma
necessidade e recusa as sensações para chegar até ela por verificá-las como
dúbias, ou seja, confundo o que existe com o que não existe - o ser e o
não-ser.
O poema de Parmênides
nos faz refletir, de forma metafórica,
sobre como devemos deixar-nos conduzir pela necessidade do saber do
conhecer e do dominar. Só quando nos permitimos conhecer é que nos é mostrado
tudo o que está ao nosso redor. O homem precisa abrir seus olhos às verdades e
não só às aparências, ocorrendo o que foi chamado de des-velamento, ou seja, a
revelação daquilo que é necessário para a elevação do ser.
As imagens do vídeo
traduzem o transcendental, trazem imagens míticas aliadas à rituais e ao cosmos,
referências clássicas do período em questão. A música e a entonação
permitem-nos transcender, elevar nos para um entendimento das palavras e das
proposições de Parmênides.
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