CIÊNCIA CLÁSSICA E PARADIGMAS
NÃO-CLÁSSICOS NA CIÊNCIA: O SIGNIFICADO DAS QUALIDADES SECUNDÁRIAS NA NATUREZA
A partir do século XX, a
ciência procura a diversidade e a riqueza qualitativa da natureza em relação ao
ponto de vista da experiência humana e já não se vê tão nitidamente a distinção
entre realidade objetiva e subjetividade. Introduz-se os termos 'ciência
clássica e paradigma não-clássico', e torna-se necessário avaliar a natureza
humana e o conhecimento a partir das qualidades secundárias na natureza.
Para tanto, três questões
fundamentais foram apresentadas:
1) O
que se entende por problema das qualidades secundárias em relação ao
conhecimento da realidade dos objetos físicos no mundo?
2) Quais
são as principais características da ciência clássica em relação ao conhecimento
da natureza e que papel tem a matemática nesse contexto?
3) Como
Galileo vê as qualidades secundárias e por que elas não podem figurar no
domínio matemático do conhecimento da natureza?
Argumentando...
1. Os filósofos de diversas épocas sempre procuraram encontrar a origem do conhecimento. Seria proveniente do pensamento ou das experiências? Se considerarmos que o conhecimento é um pensamento ou intuição intelectual, estaríamos apontando para o racionalismo, se, no entanto, se a experiência for dita como princípio do conhecimento, estaríamos apontando para o empirismo.
Sobre o conhecimento da realidade, acreditamos conhecer porque trazemos uma tradição, experiências relativas à nossa vivência tais como pensamentos, impressões ou sentimentos que partem das experiências sensoriais. Mas como saber se esse conhecimento se baseia no real ou nas aparências?
A qualidades secundárias são subjetivas, ou seja, são entendidas de acordo com a perspectiva de cada um, apesar de serem, por vezes, confundidas com sensação - capacidade cognitiva - e propriedade - atributo de objetos que independem das nossas experiências.
Para resolver o problema das qualidade secundárias, torna-se necessário atravessar o campo da aparência - do que se aparenta ser - e encontrar o conhecimento através da realidade do mundo e isso só acontece através dos critérios da ciência, pois os mesmos não lidam com a aparência e sim com a própria realidade, objetiva. Somente através do intelecto alcançamos o que o mundo apresenta, para além das experiências sensoriais - atomismo.
2. Com o pensamento moderno, houve a dominação da natureza e essa passa a submeter-se ao homem e a ciência passa a basear-se na observação e no experimento, na tentativa de compreender, explicar e controlar a natureza. O mundo passa a ser explicado racionalmente.
A realidade da natureza torna-se representada pela linguagem matemática tal como um conjunto de regras e leis que garantem o seu funcionamento e previsibilidade, afinal, onde existe ordem existe lei.
As interpretações subjetivas são afastadas dessa nova concepção, e, mais uma vez a experiência humana destoa do conhecimento da natureza, dando espaço às quantidades, grandezas e noções matemáticas. As leis tornam-se universalmente necessárias e válidas.
3. Galileu vem, com sua ciência moderna pautada na linguagem matemática, discorrer sobre as qualidades primárias, existentes independente das experiências sensoriais e aplicadas aos objetos e às propriedades secundárias dos objetos que nada mais é do que o efeito produzido em nossas experiências pela ação das qualidades primárias, sendo subjetivas e relativas às experiências sensoriais, afirmando que há uma grande diferença entre o que mutável e imutável, objetivo e variável. Nessa visão mecanicista, o verdadeiro conhecimento precisa se afastar dos sentidos, podendo ser descrito matematicamente e independentes da aparência subjetiva.
Assistam conosco sobre
Galileu e sua ciência!
Segue uma Excelente animação explicando o experimento mental e paradoxal conhecido como "o gato de Schrödinger".
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