segunda-feira, 18 de abril de 2016

SEMANA 5

A TENDÊNCIA NÃO CORRETA AO FIM: O MAL MORAL
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Nesta semana, foram apresentadas as figuras do malvado na Ética Nicomaqueia.
Discutiram-se as formas que o indivíduo desvia-se do bem maior e do fim moralmente correto, principalmente, segundo Aristóteles, pela falta de maturidade ética, ou seja, pelo analfabetismo moral. A discussão foi calorosa.
Durante a discussão e, baseados no material didático, figuras ou mesmo perfis da ética aristotélica foram destacados.

Em princípio, o akolastos, que é o homem que, impulsionado pelos seus desejos e prazeres, faz as suas escolhas de forma indisciplinada e desregrada e, de maneira alguma se arrepende do que fez.

Posterior, o malakos que é um homem voluptuoso, que foge da dor e das suas responsabilidades a todo o custo.

Ainda, o theriothes, que é o homem fora dos padrões humanos, monstruoso assim por dizer.

Citou-se ainda o agente akrates que conhece o que é bom para tornar-se virtuoso, mas se deixa levar pelos desejos e vícios mundanos, não conseguindo controlar suas próprias ações e sendo controlado por elas.

Kakos ou moctheros é o homem vicioso por voluntariado, que desconhece o bem verdadeiro, mas toma o bem aparente como o bem verdadeiro. Prefere o mal ao bem e age por simples astúcia (panourgia). 

Como registro das discussões, foi proposto discutir a seguinte questão: Aristóteles distingue diferentes formas de falta de respeito dos valores morais. Quais tipos de “mal moral” se encontram hoje na vivência quotidiana? Quais são as causas que levam o homem a não respeitar o outro homem? Quais são hoje os principais problemas éticos que atormentam a sociedade?



Seguem algumas respostas bastante interessantes:

DISCUSSÃO A

Nas discussões finais de Ética II, somos convidados a refletir sobre o mal da humanidade, o mal moral. Aristóteles em seus pensamentos trouxe o conceito de felicidade de forma bem consistente, apesar de complexo, por vezes, mas supremo. Inata, que não encontramos pronta e vista como virtude concebida como prática da própria ação, realização de uma potência em ato.
Não nascemos virtuosos, a natureza nos potencializa tornando-nos capazes de virtudes, mas, essa capacidade necessita de escolhas, e, maturidade para tanto. Somente o homem racional e justo é capaz de decidir e escolher bem, sobre o que é bom e conveniente para si e para os demais.
A grande questão é que, nos dias atuais, há uma multiplicidade de valores e, alguns deles, contraditórios. De um lado observa-se o fortalecimento de virtudes coletivas, como a indignação diante de fatos como a desigualdade social, o desenvolvimento da solidariedade, a luta por justiça, pelo fim da corrupção. Do outro, vemos o individualismo e o hedonismo a qualquer preço, através do culto ao corpo, do consumismo, do prazer imediato. Comportamentos pautados na ambição e num capitalismo selvagem, ora citados pelos nossos colegas como a busca pela sobrevivência numa lei da selva, que, se realmente fosse uma lei, haveria culpados e inocentes, regras e limites.
O que quero refletir é que a formação das pessoas não é mais tarefa atribuída somente a um grupo específico de pessoas, como, por exemplo, família, escola, Igreja. Hoje, diversos grupos se incubem de formar o cidadão e, novas formas de convivência social funcionam como locais de troca de experiências e modelos de comportamento e não mais como referências na construção de valores. Nesses ambientes, prevalece a ética de grupos que, geralmente, se sobrepõem à ética individual. Atitudes como certas e erradas agora variam conforme o contexto e não mais com a máxima à qual devem ser tratadas...
Houve uma diversificação nos valores éticos, morais e comportamentais, o que trouxe uma nova conceituação do que é virtude e do que é vício, também bastante discutido por Aristóteles.
É preciso re - educar, refletir. É tarefa de cada um criar sua consciência moral, não imposta de fora, mas, para que isso aconteça de forma íntegra, acredito que a Filosofia seja o caminho. Ela não é normativa como uma religião ou como o jurídico, não indica como as coisas devem ser, mas propõe uma reflexão aberta, despida de preconceitos. Um papel crítico importante que nos está fazendo pensar - a máxima da felicidade, nos conflitos da humanidade em busca de soluções simples, mas valiosas, dessa vez, nos princípios éticos e morais.
Para pensarmos um pouco, exponho O mito do anel de Giges, que integra A República de Platão que nos faz refletir sobre desejos, honestidade e moralidade, dentre outros conceitos que surgem no decorrer da leitura e de nossos pensamentos...

Giges era um pastor que servia em casa do que era então soberano da Lídia. Devido a uma grande tempestade e tremor de terra, rasgou-se o solo e abriu-se uma fenda no local onde ele apascentava o rebanho. Admirado ao ver tal coisa, desceu por lá e contemplou, entre outras maravilhas que para aí fantasiam, um cavalo de bronze, oco, com umas aberturas, espreitando através das quais viu lá dentro um cadáver, aparentemente maior do que um homem, e que não tinha mais nada senão um anel de ouro na mão. Arrancou-lho e saiu. Ora, como os pastores se tivessem reunido, da maneira habitual, a fim de comunicarem ao rei, todos os meses, o que dizia respeito aos rebanhos, Giges foi lá também, com o seu anel. Estando ele, pois, sentado no meio dos outros, deu por acaso uma volta ao engaste do anel para dentro, em direção à parte interna da mão, e, ao fazer isso, tornou-se invisível para os que estavam ao lado, os quais falavam dele como se tivesse ido embora. Admirado, passou de novo a mão pelo anel e virou para fora o engaste. Assim que o fez, tornou-se visível. Tendo observado estes fatos, experimentou, a ver se o anel tinha aquele poder, e verificou que, se voltasse o engaste para dentro, se tornava invisível; se o voltasse para fora, ficava visível. Assim senhor de si, logo fez com que fosse um dos delegados que iam junto do rei. Uma vez lá chegando, seduziu a mulher do soberano, e com o auxílio dela, atacou-o, e assim tomou o poder.

Para finalizar, encontrei essa discussão do prof. Clóvis Barros, irreverente por seus pronunciamentos, que também menciona a questão das escolhas e da honestidade frente ao que é certo e errado. Vale a pena conferir.

DISCUSSÃO B

Aristóteles aponta diversos traços de personalidade mau caráter presentes na humanidade. Esses traços reportam-nos a nossa realidade atual e ao comportamento moral de nossa sociedade. Vemos a indiferença como fator mais preocupante no que concerne a ação humana em sociedade. É notório que nossa humanização se configura na existência do outro, somos interdependentes, estamos vivos pelo simples fato de termos sido cuidados por outro ser humano, agimos, pensamos, expressamos sentimentos, porque somos espelhos que refletimos uns aos outros.
Infelizmente a medida que vamos crescendo, nos tornamos mais "autossuficientes”, ou pelo menos acreditamos nisso, isolamo-nos das macro preocupações nos restringindo cada vez mais ao nosso "mundinho”. Somos egocêntricos, insensíveis, mesquinhos, interesseiros, hipócritas, mas isso não nos parece evidente em nós, mas no outro, vemos os defeitos alheios, mas somos cegos e iludidos quanto ao que somos.
Deparamo-nos com muitas falas de pessoas que se julgam "cheias de verdade e razão”, que justificam uma ação errada e consciente a partir do erro do outro, não se reconhecendo de fato na ação, agindo motivadas pela desculpa de que o outro é quem começou e isso basta como justificativa, queremos parecer autônomos, mas não assumimos nossa ação como uma escolha, pois nos escondemos atrás de desculpas que visam tirar de nós a responsabilidade do ato, o meu agir não depende mais de mim e dos meus valores, e sim do que meus impulsos me dizem, então minha razão se perde e deixa de ser importante quando o que de fato vale é o "não levar desaforo para casa”.
Esse pensamento tem levado a humanidade a ações animalescas, irracionais, impensadas, impulsivas que banalizam a atitude violenta em todos os níveis, a prioridade "sou EU”, e isso é buscado com todas as forças, não admitimos perder ou fracassar, e quando isso acontece procuramos culpados.
"Respeito quem me respeita, caso contrário...” ouvimos pessoas usarem esse tipo de expressão como se fosse um princípio louvável, mas, afinal, a quem corresponde a decisão de nossas ações? A nós mesmos ou ao outro? Onde eu estou de fato nessa atitude se o meu agir depende do que o outro diz, se respeitar não parte de mim, mas da atitude do outro? Em que momento eu sou eu no agir? Existe um eu ou só uma mistura de outros "eus” que anulam o meu ser verdadeiro que sequer reconheço?
Os valores mudaram, mas não evoluíram, precisamos o tempo todo de ações que nos façam lembrar que somos HUMANOS, e que determinadas atitudes devem estar associadas a essa condição. Estamos nos perdendo e não temos dado conta disso, vivemos em uma situação de disputa do mais forte, que julga possuir uma total independência em relação ou outro, num processo de decadência dos valores humanos, e ainda nos gabamos por sermos homo sapiens e termos como diferencial o "pensar”. 
"A virtude moral é uma consequência do hábito. Nós nos tornamos os que fazemos repetidamente. Ou seja: nós nos tornamos justos ao praticarmos atos justos, controlados ao praticarmos atos de autocontrole, corajosos ao praticarmos atos de bravura." Aristóteles



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