quinta-feira, 16 de junho de 2016

SEMANA 1 - FÍSICA E METAFÍSICA

FÍSICA E METAFÍSICA

A Física e a Metafísica propostas por Aristóteles constituem-se de modo distinto, embora relacionadas, uma vez que busca a refundação de toda a filosofia natural, tomando distância tanto da imobilidade dos eleatas (que tentavam encontrar o princípio único que demonstraria a unidade e a imobilidade do Ser), quanto das de Sócrates, que abandonou toda a reflexão física sobre o Ser. 

Portanto, para Aristóteles a Física trata dos entes em movimento, aqueles que possuem neles mesmos o princípio de seu movimento, ou seja, os seres naturais modificam-se de acordo com a sua própria natureza, como observado nas plantas, animais e no próprio homem, denominados entes automóveis. Para ele, a Physis representa o movimento e a mudança que as coisas têm em si mesmas.

Dessa forma, Aristóteles distinguiu quatro tipos de causas fundamentais:

CAUSA MATERIAL- refere-se à matéria de que se constitui o objeto. Ex: a madeira.
CAUSA EFICIENTE- refere-se àquele que produz diretamente o objeto, transformando a matéria. Ex: o carpinteiro.
CAUSA FORMAL- refere-se ao objeto propriamente dito. Ex: a canoa
CAUSA FINAL- refere-se à finalidade, à Ideia feita, objetivo da criação concluída. Ex: a possibilidade de navegar pelos rios com a canoa.






Por outro lado a Metafísica é definida por Aristóteles como A Filosofia Primeira, cujo tema é o estudo do "Ser enquanto Ser”, e foi nomeada desta forma por Andrônico de Rodes - 50 a.C., quando ao classificar as obras de Aristóteles, percebeu que os escritos estavam localizados após os tratados sobre a Física. Assim, a Metafísica Aristotélica preocupa-se com as formas do ser, cujas formas se dividem em duas categorias: a substância que é o atributo essencial do ser, é composta pela matéria e pela forma que é universal e os acidentes, que são circunstanciais, ou seja, algo que não faz parte do seu ser essencial.

Desse modo, a Metafísica passou a significar uma ciência que está além da física, além do observável fisicamente na natureza e o seu conhecimento está relacionado à essência e ao suprasensível, a busca da “causa que não é causada” – Deus- Primeiro Motor, cujo princípio está acima das coisas sensíveis.

Percebemos ao relacionar Física e Metafísica, que ambos contribuíram muito para os primórdios da Ciência Moderna.





No Laboratório da semana, fomos convidados a discutir sobre as diferenças entre a Física e a Metafísica tal como propostas por Aristóteles, e as consequências oriundas desta distinção no âmbito do pensamento ocidental. Seguem duas apresentações de discussões>

Aluno A

Na disciplina de Metafísica I tivemos uma iniciação sobre o que seria a metafísica em si. Considerada a filosofia primeira, entendemos que, em seu conceito mais simples, é a ciência que estuda o "ser enquanto ser”, ou seja, busca no meio a origem e o princípio de tudo, a essência das coisas.

Aristóteles definiu a Metafísica como "a filosofia das causas primeiras; a ciência do ser enquanto ser”. A ciência, neste caso, é o estudo da essência do mundo e da realidade, tentando responder às perguntas formuladas pela humanidade no que diz respeito à nossa origem, o nosso destino, etc.

O princípio de tudo será investigado pela "filosofia primeira”, ou seja, a Metafísica que entenderá o princípio primordial de tudo, através da linguagem, da lógica e da ética.

Em paralelo, a Física (physis) se apresenta como uma ciência natural, ou seja, busca estudar e compreender os fenômenos naturais, a natureza em si. Aristóteles a apresenta ainda, como o estudo do movimento e do repouso, de consistência ontológica própria e de transformação possível.

Ao relacionar Física e Metafísica, podemos perceber que os fazeres científicos dependem das premissas metafísicas para que tenham embasamento. A existência de uma depende da outra. Enquanto a primeira se dedica a entender o meio e suas relações, a segunda pretende entender como essas relações são possíveis e quais os impactos das mesmas na realidade.

Passeando pela Internet e ampliando as leituras, deparei-me com essa citação, que achei bastante interessante e gostaria de compartilhar com vocês:

"Por ocasião de um jantar muitas décadas atrás, pediram ao físico Robert W. Wood que respondesse ao brinde: "À física e à metafísica”. Por "metafísica”, as pessoas então compreendiam algo semelhante à filosofia, isto é, verdades que só podiam ser reconhecidas pelo pensamento. Podiam ter incluído também a pseudociência. Wood respondeu com a seguinte argumentação: O físico tem uma ideia. Quanto mais ele a examina, mais sentido parece ter. Ele consulta a literatura científica. Quanto mais lê, mais promissora se torna a ideia. Assim preparado, ele vai ao seu laboratório e delineia um experimento para testá-la. O experimento é trabalhoso. Muitas possibilidades são verificadas. A precisão da medição é refinada, as margens de erro reduzidas. Ele deixa as fichas caírem aleatoriamente. Está voltado apenas para o que o experimento ensina. No final de todo esse trabalho, por meio de experimentação cuidadosa, descobre que a ideia não tem valor. Assim o físico a descarta, liberta a sua mente da confusão do erro e passa a trabalhar em alguma outra coisa.
A diferença entre a física e a metafísica, concluiu Wood ao levantar o seu copo, não é que os profissionais de uma sejam mais inteligentes que os da outra. A diferença é que o metafísico não tem laboratório.”

Carl Sagan, Um mundo infestado de demónios, Lisboa, 1997, Edições Gradiva. Disponível emhttp://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/567315/mod_resource/content/1/Carl%20Sagan%20O%20Mundo%20Assombrado%20Pelos%20Demonios.pdf

Aluno B

A palavra metafísica foi utilizada pela primeira vez por Andrônico de Rodes, por volta do ano 50 a.C., quando ao classificar as obras de Aristóteles o organizador percebeu que determinados escritos estavam localizados após os tratados sobre física ou a natureza. Esses escritos haviam sido definidos por Aristóteles como A Filosofia Primeira, cujo tema é o estudo do "Ser enquanto Ser”, passando depois a ser designado como metafísica.

Aristóteles afirmava que a Filosofia Primeira estudava o ser das coisas, ou seja, o conhecimento da essência das coisas ou do ser real e verdadeiro das coisas, daquilo que elas são em si mesmas, apesar das aparências que possam ter e das mudanças que venham a sofrer.

Essa Filosofia Primeira, ou, posteriormente, metafísica, representava para Aristóteles aquilo que estava acima dos demais, além daquilo que vem depois, superior ao subsequente, significando então, o estudo de algo que está acima e além das coisas físicas ou naturais e que é a condição da existência e do conhecimento delas, em outras palavras, a busca das causas.

A metafísica de Aristóteles buscava o princípio do movimento, a causa que não é causada, ou seja, Deus, esse princípio trata de Deus e dos seres imutáveis, que estão acima das coisas sensíveis.

A Física então é a Filosofia Segunda, pois se ocupa da realidade do devir. Essa é a ciência da natureza, ela se ocupa dos entes em movimento que possuem neles mesmos o princípio do movimento, ela estuda tudo aquilo que tem um modo de ser que lhe é próprio. Para Aristóteles, a natureza (physis) é "um princípio e uma causa de movimento e de repouso para a coisa na qual reside imediatamente por si e não por acidente”.

A metafísica aristotélica inaugura o estudo da estrutura geral de todos os seres ou as condições universais e necessárias que fazem com que exista um ser e que ele possa ser conhecido pelo pensamento. Afirma que a realidade como um todo é inteligível e apresenta-se como conhecimento teorético da realidade em todos os seus aspectos gerais, devendo preceder as investigações que cada ciência realiza sobre um tipo determinado de ser.


Assistam conosco: 



Nenhum comentário:

Postar um comentário